Estudo Poético Para Um Corvo
Once upon a midnight dreary, while I pondered, weak and weary
Over many a quaint and curious volume of forgotten lore
The Raven - Edgar Allan Poe
Uma vez numa noite soturna e triste, Enquanto eu lia, extenuado e cansado, muitos livros e um alfarrábio estranho de curiosos vocábulos de uma era já ida. Enquanto cabeceei num quase cochilo, de repente lá veio sussurrando com suavidade, murmurando e sussurrando na memória uma voz misturada ao acalanto da tarde. A tonalidade era de uma era olvidada sem contornos claros e densos como sombra do qual se escutava apenas o seu eco pardo que perambulava pelas efígies suprimidas. Tenso e distante era a efígie que ardia, que murmurava entre os antanhos dizeres, de antigas procissões que transitavam opacas, por ruas ermas e túrgidas avenidas. É somente sua túrgida voz que trás consigo melodias que ora se repercutiram no tempo! ************************* Ah, distintamente eu me lembro da noite, estava eu naquele mês deserto de Maria que brasa agonizante arredada e forjava sua sombra errante no chão como efígie. Ansiosamente eu desejei com alvor a dor; envaidecido conseguir obter emprestado significados comparados ao livro lido - torpe duelo para este tempo já perdido. Rara e radiante solidão d'alma que lida com túrgidos e a quem os anjos suprimidos recitam-se alvas nuanças do dia que apavora com toscas orações de carcomidos grifos. Agora minha alma cresce mais forte: vacilante num oco então mais louco eco das largas horas vãs pardas do já lido, sincero eu imploro pela sua piedade. É somente sua túrgida voz que trás consigo melodias que ora repercutiram-se no tempo! ************************* Sussurrante é tarde que se esculpiu como alvas efemérides das nuvens lânguidos símbolos que porfiam pelas retinas vagas que se atinam. De solitários carneiros eu recordo daquele dia de uma soturna noite que fraco e cansado eu peregrinava por pálidas margens que fluíam do ido. Profunda escuridão que eu perscrutei, aspirar lá, e desejar saber o temor vivo, duvidar, visionar sonhos que mortal algum, ousaram nas memórias latentes do perdido. É somente sua túrgida voz que trás consigo melodias que ora repercutiram-se no tempo! **************************** É o silêncio que se irrompeu do tempo, da qual quietude não nos deu nenhum rastro única palavra lá pronunciada pela tarde era a palavra sussurrante que tangeu o ido. Meu sussurro, um murmurante eco no oco, dissimulado detrás da lívida palavra parda pelas páginas supuradas do meu livro ocro do qual somente aspirei à quietude do já ido. Dentro da câmara de minha alma túrgida dentro de mim queima uma efígie tarda novamente ouvi seus sussurros alvos e algo mais alto do que antes havia sido dito: É somente sua túrgida voz que trás consigo melodias que ora repercutiram-se no tempo! ***************************** Ah, túrgido é o esteta que segue sua efígie que navega dentro de si e si como nauta mistura-se há um passado negro e turvo como que nas margens alvas do livro lido. Ah, lânguido esteta que esculpiu sua efígie fragmentada nos velhos alfarrábios do sebos de curiosos vocábulos de uma era já esquecida onde toscas musas sussurravam vãos concertos. Somos tolos e desajeitados para auscultar sussurro tão claro, embora de pequeno significado torvo, porque nós não podemos nos fazer ouvir o soar, concordar que nenhum silêncio vivo o pensamento. É somente sua túrgida voz que trás consigo melodias que ora repercutiram-se no tempo! ******************************
Éric Ponty
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