O ex-estranho paulo leminski |
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Elson Fróes, versão em Javascript - 2000
INVERNÁCULO Esta língua não é minha, qualquer um percebe. Quem sabe maldigo mentiras, vai ver que só minto verdades. Assim me falo, eu, mínima, quem sabe, eu sinto, mal sabe. Esta não é minha língua. A língua que eu falo trava uma canção longínqua, a voz, além, nem palavra. O dialeto que se usa à margem esquerda da frase, eis a fala que me lusa, eu, meio, eu dentro, eu, quase. ° desastre de uma idéia só o durante dura aquilo que o dia adiante adia estranhas formas assume a vida quando eu como tudo que me convida e coisa alguma me sacia formas estranhas assume a fome quando o dia é desordem e meu sonho dorme fome da china fome da índia fome que ainda não tomou cor essa fúria que quer seja lá o que for ° leite, leitura, letras, literatura, tudo o que passa, tudo o que dura tudo o que duramente passa tudo o que passageiramente dura tudo, tudo, tudo, não passa de caricatura de você, minha amargura de ver que viver não tem cura ° misto de tédio e mistério meio dia / meio termo incerto ver neste inverno medo que a noite tem que o dia acorde mais cedo e seja eterno o amanhecer ° nunca sei ao certo se sou um menino de dúvidas ou um homem de fé certezas o vento leva só dúvidas ficam de pé ° HEXAGRAMA 65 Nenhuma dor pelo dano. Todo dano é bendito. Do ano mais maligno, nasce o dia mais bonito. 1 dia, 1 mês, 1 ano. / ° AMAR: ARMAS DEBAIXO DO ALTAR para frei betto e frei leonardo boff santa é a gente quando lá fora faz frio e aqui dentro está quente entre! digo eu, hora de ser igual, hora de ser diferente, entre você e entre ° DE TERTULIA POETARUM de tortura militum libera nos domine de nocte infinita libera nos domine de morte nocturna libera nos domine ° acordei e me olhei no espelho ainda a tempo de ver meu sonho virar pesadelo ° |
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