|| ||S|| ||O|| ||N|| ||E|| ||T|| ||Á|| ||R|| ||I|| ||O|| ||||| ||||| ||||| ||

Sebastião Geraldo Nunes (Bocaiúva MG 1938)

Um dos mais desconstrutivos construtivistas e mais desconcertantes menestréis do estrelato antigalático contracultural, o polimórfico e multimórbido multimídia mineiro também usa o anagramático heterônimo de Sebunes Nastião (do inglês "nasty" aglutinado ao lusitaníssimo "ão") quando, ao lado de outras avacalhações de gêneros e experimentações poéticas que caracterizam sua "esthetica de provocaçam", incursiona pelo terreno do soneto para, também aqui, demolir alguma estátua que porventura ainda esteja de pé, mesmo quebrado. Ninguém estranhe, portanto, se faltarem vogais em alguns de seus versos: ao invés de falhas de digitação, trata-se de vícios de deglutição, tipicamente tipofágicos, deste blaguerrilheiro anarcotraficante.


PARÓDIA ANTIQÜÍSSIMA I
(À MODA DE TOMS ANTÔNIO GONZAG)

tua burguesa bucet quando lateja
(como ostra degustando pérolas)
nem por isso, marília, nem por iss
ouriça menos meu chouriç.

tua tímida bucet camponesa
(trancada a 7 chaves qual tesouro)
é no escuro, marília, é no escur
que mole carne se torna ferro dur.

amo a ambas com a mesma intensidad
e nessa classe de lutas me confundo
irônic, grotesc, fero e rude:

diante de vós duas choro fundo
e volto à mamadeir tímid e trêmul
sem ter gozado tudo do que pude.


PARÓDIA ANTIQÜÍSSIMA II
(À MODA DE AUGUST DOS ANJS)

vamos supor que a mort al fin te alcance
e te mate à moda dela: mortalment.
vamos supor al fin q a mort em vida
te roera já cabel, corpo e ment.

estavas velh, lerd, bobo e cabeçud.
sonhavas no entant vãos amores.
supunhas-te famoso e consagrado.
gozavas de estima, tédio e sono.

pois bem: agora morto e entre flors
esterco fedorento a derreter-se
inda teimas em gozar um pouc a fam.

mas tudo se resume então na press.
mas tudo se resume então no ufa!
aos vivs as batats. ao morto: lhufas!


OH QUE ESTÚPIDO FUI!

quebrei minha panelinha literária
no dia em que nasci.
voaram cacas, caquinhos e cagões
fedendo como nunca vi.

desde então sou poeta solitário
corajoso forte e temerário
orgulhoso pra caralho
mas no borralho.

quem me empresta nova panelinha?
quero que me puxem o saco.
exijo ser chamado gênio.
preciso cagar regras.

ai que saudades de uma cagadinha
na minha literária panelinha.


NOVA TROPICÁLIA

Onças, antas, tamanduás.
Sagüis, capivaras, tatus.
Preás, ariranhas e caititus.
Todos tomando nos cus.

Bagres, traíras, piraíbas.
Lambaris, piaus, pirarucus.
Piranhas, corvinas e pacus.
Todos tomando nos cus.

Sapos, jacarés e calangos.
Corais, jararacas, urutus.
Todos tomando nos cus.

Sabiás, curiós e sofrês.
Sacis, caaporas, jecas-tatus.
Todos tomando nos cus.

Û Ý ´ ¥ Ü * e-mail: elson fróes