poemas deVIRNA G. TEIXEIRA

 

 

 

 

 

Visita

Criado-mudo:
Bíblia e
rosário de contas.

Na cama, ao lado
a nudez
sem nome.

 

 

1

O que fazia, falta. A sala deserta. O piano tocado em silêncio. Quando não havia ninguém, em casa.

Pela janela passavam estações. Folhas, outono.

As horas de amor.

Sombras.

 

 

2

Uma nostalgia ao folhear as páginas. Dois rostos maquiados dentro do táxi negro. Contraste entre o escuro e luz. Entre o sono e a vígilia. Espaço livre para a memória. Exílio.

A manhã da paisagem.

O fog espesso caindo sobre o parque.

Um canteiro de narcisos.

 

 

Volátil

percorria o cenário:
olho veloz
turbilhão de movimentos
atentos
abria um buquê
de deli-
cadezas
descrevia uma curva no ar
uma curva na curva
do lugar onde
[se esconde.

 

 

fotografia

a solidão dele
na cozinha,
perto

da janela

um vaso de
tulipas.

 

 

tempo

nada demora, esta
tarde - corpo

a percorrer os cômodos
de uma terra
estranha,

mobília,
fotografia, rostos
que desconhecem

o porquê - de estar
aqui.

 

 

Quarto

um travesseiro
bordado, canto
esquerdo:
"ninguém"

 

 

partida

o cabelo
dela,
castanho

o corredor

uma cama vazia.

 

caronte

e atravessaram
rios
sombrios e
ilhas (de
ópio)

na frágil
embarcação,
o corpo

ficar ali
no caos,
esquecida

até o lento
pathos
de volta.

 

 

 

 

Virna G. Teixeira?

 

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Elson Fróes