O CORVO


Numa meia-noite erma, bem cansado e de alma enferma,
Enquanto eu lia de uns livros que já ninguém lembra mais,
E estando quase adormecido, ouvi à porta um ruído:
— Alguém que houvesse batido, comedido, à horas tais,
"Um visitante" — pensei — "que se atrasou, talvez, demais:
	— É só isto e nada mais."

... 
 
E eis o corvo lá pousado, sobre o meu busto assentado,
Busto pálido de Palas, que jaz sobre meus portais.
Seus olhos são como o sonho de algum demônio medonho
E pelo quarto tristonho sua sombra aumenta mais:
E minh'alma, desta sombra que pousou para jamais,
	Não se livra — nunca mais!




excerto da tradução de Jorge Wanderley - 1997


OBS.: por respeito aos direitos autorais exibimos apenas um trecho desta tradução
que pode ser lida na integra em "O CORVO" e suas traduções, 2ª edição.
Organização de Ivo Barroso. Ed. Lacerda
(© 2000, by Editora Nova Aguilar S.A.)




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